O AMERICANO TRANQUILO
Autor: GRAHAM GREENE – Título do original: THE QUIET
AMERICAN – Copyright, 1955
- Copyright desta edição, 1974 – Tradução de Brenno
Silveira. (1. Edição).
Personagens do livro: Thomas Fowler (jornalista e 1.pessoa
da história). Alden Pyle e seu cão Duque e a garota Phuong são os personagens
que levaram o autor a escrever o livro.
A história se passa entre Março, 1952 – Junho, 1955. No ano de 1952,
Graham Greene esteve na Indochina, a serviço da Revista Life. E vem daí a
origem do romance, baseado num diário de viagem.
Há tal transparência na história
que podemos ler a mente do autor. Pyle
e seu cão já estão mortos no início da história, foram vítimas da guerra, mas vivem em cada página do livro, assim como
a amada Phuong.
Digito abaixo alguns pensamentos
do autor em: O AMERICANO TRANQUILO.
Início - Esta é a época patente de novas invenções
Para matar os corpos e salvar as almas,
Tudo propagado com a melhor das intenções. (Byron)
Pgna. 73 – O canal estava cheio de cadáveres: lembro-me,
neste momento, de um cozido irlandês com uma quantidade excessiva de carne. Os
corpos amontoavam-se; uma cabeça, de um cinzento cor de foca – anônima como a
cabeça rapada de um convicto – surgiu à flor da água como uma bóia. Não havia
sangue: suponho que já tinha sido levado pelas águas havia muito. Não tenho
idéia de quantos eram: deviam ter sido surpreendidos por algum fogo cruzado, ao
tentar voltar, e creio que muitos dentre nós, ali junto ao canal, estavam
pensando: “Bastam duas pessoas para essa brincadeira”. Eu também desviei o
olhar. Não queríamos que nada nos lembrasse quão pouco contávamos – quão
rápida, simples e anonimamente chegava a morte. Embora minha razão desejasse o
“estado de morte”, eu receava o ato como uma virgem. Gostaria que a morte
chegasse com a devida advertência, de modo que pudesse preparar-me. Para que
preparar-me? Eu não sabia para que nem como me preparar – a não ser que fosse
para lançar um último olhar ao pouco que estaria deixando neste mundo.
Pgna. 86 – Ao despertar aquela manhã, alguns meses mais
tarde, com Phuong ao meu lado, pensei: “E você, acaso, a compreendia? Parecia
prever esta situação? Phuong a dormir tão feliz a meu lado – e você morto? O
tempo tem as suas vinganças, mas tais vinganças nos parecem, com freqüência
azedas. Não seria melhor que nenhum de nós procurasse compreender – que
aceitássemos todos o fato de que nenhuma criatura humana compreenderá jamais
uma outra? Que a esposa não compreenderá o marido, o apaixonado a amante, ou o
pai a criança? Talvez seja por isso que os homens inventaram Deus: um ser capaz
de compreensão. Talvez, se eu quisesse ser compreendido ou compreender, me
deixasse engabelar por uma crença, mas eu sou um repórter: Deus só existe para
os escritores líderes.
Pgna. 156 – Estar amando é ver-nos como alguém nos vê – é estar
apaixonado pela imagem falsa e exaltada de nós mesmos. No amor, somos capazes de agir com honra: o
ato de coragem nada mais é do que o desempenho de um papel para uma assistência
constituída de duas pessoas. Talvez eu já não estivesse mais apaixonada, mas
ainda me lembrava disso. (detalhe que observei
nessa página postei no meu blog http://arquivox-mar.blogspot.com.br/search?updated-max=2011-09-02T14:50:00-07:00&max-results=10&start=10&by-date=false diálogo que se passas no filme Corações Apaixonados (Playing by Heart) - 1998
Fala de Paul (Sean Connery) aos 90
minutos do filme:
"A parte boa de nos apaixonarmos é que se aprende tudo sobre a pessoa, e rapidamente! E se for amor verdadeiro, então começamos a nos ver através dos olhos do outro, refletindo o que há de melhor em nós... é quase como se nos apaixonássemos por nós mesmos.")
O
livro é de fato bom quando no final da leitura, o seguramos entre as mãos e
resumimos toda a história em nosso pensamento como uma segunda leitura
abstrata. Li cada palavra e absorvi o sentimento de cada uma. Bons escritores fazem a diferença.
Em
azul, são meus devaneios.
A capa desbotou no tempo das pessoas que o leram ou o guardaram. Comprei no Sebus e para o Sebus vai voltar.